Costumava dizer que para estar em casa somente em duas situações: quando ia dormir ou quando eu estava doente.

De resto, queria estar na praia, ver gente, comer em algum restaurante, tomar cerveja, ver o pôr do Sol, ‘bater perna’! Eu queria estar em qualquer lugar, menos em casa. Achava que estar em casa era perda de tempo, perda de vida. O mundo acontecia da porta pra fora e precisava estar lá, presente. E assim pensei durante toda minha vida…

De repente, por conta de um vírus, fui ‘obrigada’ a ficar em casa e sem saber que dia iria sair. No início achei que fosse en-lou-que-cer… Olhava para os lados, deitava, levantava, ligava a Netflix, desligava e ia para o Spotify, abria a geladeira, comia, dormia, acordava. Trabalhava, lia, reuniões por vídeo, família pela tela, boteco online com as amigas e o tempo passava e eu infeliz.

Até que percebi que não podia lutar contra. Ou aceitava e aprendia a lidar com a nova situação ou viveria este período reclamando. O que para meu ‘mantra’, era perder tempo, perder vida.

Me rendi e comecei a cuidar da casa. Entre um trabalho e outro, limpava, arrumava, cuidava das plantas, fazia um prato de comida diferente, experimentava um filme, fazia pipoca, brigadeiro, engordava, malhava, colocava meu pijama mais confortável e assim fui aprendendo a ter prazer de ficar em casa.

Hoje, quando preciso sair, mesmo que rápido, fico agoniada pra voltar. Não só pelo risco do vírus, pelo uso da máscara, mas por me sentir mais protegida e acolhida em casa.

Não sei como será no pós pandemia, se seguirei tão fiel a ela, mas com certeza a verei com mais prazer, literalmente com outros olhos.

Não sei vocês, mas neste período aprendi várias coisas e tenho refletido muito e, ver minha casa como um lar e não mais como um ponto de apoio, pra mim está sendo revolucionário.

* Este foi o almoço de hoje: lasanha. Não foi a melhor que já comi na vida, mas deu pra matar a fome…

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